Ao ler os poemas de ZITA NOGUEIRA, constatei estar perante uma Senhora talentosa e promissora para este género de Literatura Lusa. De um grupo disperso de poetas que lutam para a dignificação da cultura em Portugal e no mundo inteiro. Não deixa de ser significativo que funcionem nas margens e que gradualmente se vão aproximando de centro, diminuindo distâncias e fossos.
Nas Literaturas cabemos todos, principalmente quando se trata de Autores e Autoras de uma Literatura emergente, pujante e muitas vezes .jovem. ou híbrida com enorme potencial. Só o tempo fará a necessária filtragem, que não nos cabe definir nem balizar enquanto protagonistas da mesma nobre arte que é esta de ser vendedor(a) de sonhos. Não admira pois que a mesma diga convicta “Não é preciso que na lua haja luar.” Para quem a conhece perceberá facilmente que há uma fusão permanente da Autora enquanto Poeta, .guerreira. e mulher generosa de valores que nela habita. Estranho? Nem por isso. Como dizia o sábio Vate Libanês KAHLIL GIBRAN “O homem é dois homens; um está acordado na escuridão, enquanto o outro dorme na luz.” E prova-o quando diz: “E fecho os olhos para assim melhor poder crer/ porque creio no que sinto neste momento.” Felizmente esta Poeta prova estar acordada na escuridão sendo luz que inspira! Lê-la é rever a poesia pura que mora na enorme floresta poética, num punhado de versos transparentes e cristalinos, com a pureza de um lago despoluído!
(Re)descobri-la e dá-la a conhecer ao mundo, mais do que nossa obrigação, é um dever.
Contrariando a ideia de dois vultos das Literaturas Britânica (VIRGINIA WOOLF) e Alemã (RAINER MARIA RILKE) que aos “jovens” Poetas (na idade ou no parto da obra), aconselharam a não terem pressa de publicar, eu enquanto Poeta ,Escritor e Coordenador Literário despretensioso e fraterno considero que a publicação neste caso poderá funcionar como um catapultador incentivo à explosão criativa da Autora e dos Poetas candidatos em potência que a rodeiam. O futuro da Literatura contemporânea Portuguesa das/nas margens faz-se urgente e já com a nova geração de Poetas e Escritores que o vão desenhando através da atrevida e corajosa pena.
A Literatura dirá qual com o seu arco de tempo e sem pressas.
É que, como diz ZITA NOGUEIRA: “A vida não pode apenas acontecer.” Uma Autora Portuguesa entre muitas(os) deste pedaço de paraíso Ibérico, surpreende-nos pelo seu sereno navegar pelo extensoe imprevisível mar da poesia com e nas margens.
Sem qualquer tipo de pretensiosismo e sem se pôr nunca em bicos de pés, fez-se simplesmente ao mar e a poesia aconteceu.
Mas agora pergunto eu: “Quem disse que a poesia tem de ser hermética para ser digerível? Quem disse que a linguagem simples, transparente e cristalina não basta para acontecer poesia?”
É exatamente essa solidez da palavra cristalina e transparente que nos devora como leitores pela sua melodia, pelas rimas e também pela fluidez da mensagem expressa no verso.
É isto que saboreamos em “FLASHES POÉTICOS“, uma obra singela de uma Autora pouco conhecida, um pormenor de importância menor, onde já se nota maturidade vocabular na linguagem e também algum mistério que transparece na forma como olha o mundo, apesar da aparente simplicidade da sua abordagem.
Mas, não é o mais simples, normalmente o mais complexo e profundo? Vale pois a pena descobrir esta Poeta desempoeirada e livre de visões dogmáticas redutoras e castradoras de todas as formas de arte. Deixemo-nos pois abraçar e enlevar por estes sublimes versos, porque Poesia é Vida!
Bayete Poeta!
DELMAR MAIA GONÇALVES
(Poeta, Escritor, Coordenador Literário da Editorial Minerva e Presidente do Circulo de Escritores Moçambicanos na Diáspora.)